Custo Total de Propriedade (TCO) de uma Caldeira

No post de hoje vamos falar um pouco sobre um importante indicador na tomada de decisão de aquisição de equipamentos. O TCO: Total Cost of Ownership ou Custo Total de Propriedade.

Nosso principal objetivo com esse post é auxiliar na tomada de decisão para aquisição de um novo equipamento. Destacar que não é só consumo energético (combustível, energia elétrica, etc) que deve ser tomado em conta, mas também custos de manutenção e operação.

O que é o TCO

Em função de diversos fatores, como aumento do custo de combustível, mudança de processo, alteração de perfil de demanda, aumento com custos de manutenção (especialmente corretivas), há momentos em que devemos analisar se não é hora de adquirir um novo equipamento, seja para ampliação, seja para substituição.

Porém, como avaliar se realmente é economicamente viável a nova aquisição ou, se assim o for, por qual opção de fornecedor seguir?

Um dos indicadores que podemos considerar é o TCO (total cost of ownership ou custo total de propriedade). Trata-se de uma medida financeira que avalia todos os custos associados a um equipamento, como aquisição, instalação, manutenção e operação.

TCO DE UMA CALDEIRA

Para ilustrar, vamos listar os principais custos de propriedade de uma caldeira. Vamos nos ater aos custos operacionais mais “diretos”, não levando em conta depreciação, custos financeiros/valor presente líquido, entre outros.

Destaco aqui que tomo uma caldeira como exemplo por ser um equipamento de alto valor, possuir diversos custos operacionais e, também, alguns custos que classifico como “custos fantasmas”: custos que não são claramente visíveis no momento da análise, principalmente quando limitado a 2 anos (por ser payback padrão), mas que acontecem e se provam dolorosos para quem fica com o bode.

Para análise vamos considerar o seguinte contexto:

  • Caldeira existente, flamotubular, para vapor saturado, relativamente antiga, operou por muito tempo sem tratamento de água e manutenção adequada, passou por diversos processos de limpeza química e já conta com alguns tubos tamponados.

As alternativas de estudo são:

  • Opção A: manter como está.
  • Opção B: caldeira flamotubular, de fabricante renomado, com todos os acessórios operacionais (purga automática, controle variado de nível e combustão, economizador, queimador de alta eficiência), com caldeiras de diversos tamanhos e capacidades.
  • Opção C: caldeira aquatubular modular, fabricante multinacional, mas pouca presença nacional, caldeiras relativamente pequenas, para operação em mais de um módulo.
  • Opção D: caldeira flamotubular, fabricante não conhecido, com ampla gama de equipamentos, mas sem acessórios de aumento de eficiência operacional.

A tabela abaixo ilustra cada uma das opções para os parâmetros analisados.

 OPÇÃO AOPÇÃO BOPÇÃO COPÇÃO D
AquisiçãoZeroAltoMuito alto (1)Baixo
InstalaçãoZeroMédioAlto (2)Médio
Eficiência Térmica base PCI (3)80%94%96%87%
Consumo de combustível (4)AltoBaixoBaixoAlto
Manutenção Preventiva < 2 anos (5)AltoBaixoBaixoBaixo
Manutenção Preventiva > 2 anos (6) (7)AltoBaixoMuito AltoBaixo
Manutenção Corretiva < 2 anos (5)AltoBaixoBaixoBaixo
Manutenção Corretiva > 2 anos (6) (7) (9)AltoAltoMuito AltoMédio
Inspeção NR13AltoMédioMédioMédio
Tratamento de água (8)BaixoBaixoMuito AltoBaixo

Notas:

  1. Por Opção C não possuir equipamento de alta capacidade no portfólio, a alternativa é adquirir mais de um equipamento para suprir a demanda de vapor, elevando assim o custo de aquisição;
  2. Da mesma forma, por ser mais de um equipamento, o custo de instalação também aumenta.
  3. Eficiência térmica, padrão de catálogo.
  4. Consumo de combustível para mesma demanda de vapor.
  5. Para novos equipamentos, o custo de manutenção preventiva e corretiva dentro do período de 2 anos costuma ser baixo, por abranger parte da garantia e por ser novo.
  6. No entanto, a partir de 2 anos de operação, começam a surgir demandas de manutenção preventiva, como limpeza de queimador, limpeza de tubos, manutenção das válvulas de controle e PSVs, que encarecem o custo de manutenção. Começam as ocorrências de falhas em instrumentos, exemplo, que causam a parada do equipamento, demandando assim a manutenção corretiva.
    1. Opção B: Há certa dificuldade em atendimento de assistência técnica autorizada, porém há opções de autorizadas e alternativas de empresas de manutenção especialistas nesse tipo de equipamento.
    1. Opção C:  Pouquíssimas alternativas de manutenção (nota 7).
    1. Opção D: Atendimento técnico mais facilitado, por utiliza peças de mercado e ser uma tecnologia já dominada. Possibilidade de atendimento com empresas de manutenção de caldeira.
  7. E é aqui que aponto o primeiro “custo fantasma”. Há fabricantes que possuem equipe de manutenção exclusiva especialista, o que encarece, e muito, os custos de manutenção preventiva, na forma de contrato, e corretiva, com venda de peças e horas.
  8. O tratamento de água é o segundo “custo fantasma”. Dependendo do fabricante, há a exigência do nível de qualidade de água extremamente elevado, normalmente aplicado apenas a caldeiras de vapor superaquecido, com utilização de osmose reversa e produtos químicos exclusivos específicos. É necessário se atentar às estimativas de consumo de produto e ao valor real a ser pago por isso, pois pode se tornar o segundo maior de todos os custos listados, sendo menor apenas que o combustível.
  9. Dependendo do tipo de tratamento de água, com o tempo haverá necessidade de realizar limpeza mecânica e química nos equipamentos, para remoção de incrustação de deposito de sujidade no fundo da caldeira.
    1. Mas vale a atenção para o tipo de equipamento da opção C, que apresenta um problema crônico de ruptura dos tubos, levando a necessidade de substituição completa de todo o elemento pressuriza (caldeira e/ou economizador), o que representa um custo elevadíssimo, similar ao de aquisição.

Há também alguns aspectos intangíveis que devem ser analisados, tais como:

  • Manter como está é uma boa opção considerando a segurança da operação?
  • Equipamentos são suscetíveis a falhas, reposição de peças e manutenções preventivas. O quão fácil/difícil é conseguir atendimento e peças?
  • Quão robusto é o projeto do equipamento? É seguido algum código de construção? Possui memória de cálculo?

E sempre considerar o bom senso. 25% de economia? Desconfie. As vezes pode ser isso mesmo.

CONCLUSÃO

É importante realizar essa análise de tempos em tempos para avaliar se não é hora de substituir seu equipamento atual.

Destaco também a importância de avaliar o custo total de propriedade corretamente, ao longo da vida útil esperada do equipamento, pois há custos que só aparecem depois de um tempo de operação, e custos esses que podem inclusive justificar a troca do equipamento, ainda que aparentemente novo.

Recomendo também cuidado com análises de payback furados, com economia na casa dos 20%, sem uma avaliação mais criteriosa da situação atual e perfil de demanda de vapor.

Por fim, nos colocamos à disposição para dúvidas ou suporte técnico especializado em manutenção de caldeiras e itens de vapor. Saiba mais.


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